AB6 - Reencontrar o passado

Um dia, uma citação

AB6 - Encontros e reencontros

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Sobrevoando a nossa memória



domingo, 20 de julho de 2008

40 anos - O Fafe no AB6





20 de Julho de 1968.

São 17:18 horas.

O Fafe chega ao AB6, levado pelo Land Rover da base, desde a estação de caminho de ferro de Cuamba (Nova Freixo).

Foram perto de longuíssimas 9 horas na famosa caixa de fósforos, que, suave e silenciosamente, deslizou pelos carris sobre as suas rodas de pneu e câmara de ar, desde a capital do norte de Moçambique, Nampula, mais ou menos 340 kms a sudeste (mais este que sudeste) de Nova Freixo.

- Porque será que, por cá, nunca ninguém acreditou nessa história dos pneus sobre carris?

Este foi o final de uma viagem iniciada em Lisboa, em 05 de Julho de 1968:

- 05/07/1968 - 10:00 H - Partida do Aeroporto da Portela, no DC6.

- 05/07/1968 - 17:50 H - Aterragem na BA12, Bissalanca, Bissau.

- 05/07/1968 - 20:05 H - Partida de Bissau.

- 06/07/1968 - 06:15 H - Chegada a Luanda, aeroporto Craveiro Lopes.

- 06/07/1968 - 10:10 H - Partida de Luanda.

- 06/07/1968 - 16:25 H - Chegada ao aeroporto Gago Coutinho, em Lourenço Marques.

Apresentaç
ão no AB8, encontro, abraços e matar saudades com o fafense Fernando Ricoca , de Antime, e dispensa por 48 horas, para todos os que desejassem.

Lá foi o Fafe, de machibombo, até à avenida Dr. Manuel Arriaga, Edifício Negrão, de encontro à sua Tia Tina, que muito o paparicou; whiskysinho, muito, e leitinho ao deitar.

Resultado da mistura?

Uma enterite intestinal, que, passadas 24 horas, levou o Fafe a dormir uma noite no Hospital Miguel Bombarda, transportado por ambulância da FAP.

Uma estreia em grande lá pelas bandas do Índico.


Em 08/07/1968, o Fafe reapresentou-se no AB8, tendo-lhe sido concedidos mais 5 dias de licença, enquanto ficava a aguardar colocação.


O Fafe lá continuou matando saudades, de muitos anos, da sua tia e do seu primo Amaro, usufruindo do seu flat para essas mini férias.

Aproveitou para conhecer as avenidas de LM, o Continental, o Scala, o Estádio Oliveira Salazar, a praia Polana, a Avenida de Angola e a Rua Araújo.


Voltando ao AB8, em 12/07/1968, o Fafe constata que o seu destino não está ainda traçado. Uma nova licença por mais 5 dias é a solução encontrada e a boa vida vai continuando.


Em 18/07/1968, finalmente, o Fafe meio atarantado e estupefacto, recebe a notícia da sua colocação: AB6 Nova Freixo:

- Mas que raio de terra é essa? Onde fica? Mas onde vai parar o filho do pai do Fafe?

- Fica lá para cima, muito lá para cima, prá'aí mais que 2.000 kms, lá pró Niassa, bem junto do Malauí, pertinho dos "turras" ...
deixou escapar um experimentado PA do AB8.

- Estou f*dido, pensa o Fafe.

Dos muitos colegas de recruta que viajaram com o Fafe desde Lisboa, o Pedroso e o Octávio (Jaime Fernandes) ficaram em LM, o Cordeiro foi para o AB7 Tete e o Noronha acompanhou o Fafe até Nova Freixo. Muitos outros o acompanharam desde Lisboa, mas deles não se recorda nessa viajem e alguns outros foram sendo pré-colocados pelo caminho (Bissau e Luanda).

Em 19/07/1968, o Fafe e o Noronha, acompanhados de outros militares da FAP, lá partiram, por volta da 08:30 horas, num Dakota (DC3) rumo ao norte de Moçambique.

A hora do almoço foi passada na BA10, na Beira.

Mas só a hora, porque o almoço nem vê-lo.

Finalmente, a meio da tarde, lá chegaram a Nampula e ao AB5.

Como sempre, o Fafe lá obteve a licençazita da ordem, para pernoitar fora e lá foi à procura do Neca, primo da mãe, que há muitos anos se radicara em Nampula, como desenhador da Junta Autónoma das Estradas de Moçambique (JAEM) e que, em Fafe, se celebrizaria como poeta e como o 34.

E lá dormiu na casa da família Neca, no Bairro da JAEM.

No dia 20/07/1968, foi a tal viagem na caixa de fósforos com rodas com pneus e câmaras de ar, passando por Malema e Mutuali.

Chegado ao AB6, o Fafe, ainda não consciencializado da nova aventura por aquelas bandas e ainda muito inocente, foi praxado como ditavam as regras do doutor Scott (o Inglês), coadjuvado pelos verdadeiros enfermeiros Ferreira(?) e Boa (este, Moçambicano, da mesma recruta do Fafe, 1a. 67).

Será escusado dizer que o Fafe cumpriu integralmente a praxe e as ordens do doutor:

1 - Numa prancha inclinada 45º, deitado de cabeça para baixo, chegar 20 vezes com as mãos ao pés, presos lá no alto.

2 - Injecção para prevenir o paludismo e a malária e que, afinal, mais não era do que água destilada.

3 - Pintar os tarecos - e o resto - com tintura de iodo ... ui ... ui ... f*da-se ... p*ta que pariu ... , para prevenir infecções e doenças e atar os mesmos com gase à perna esquerda, até à consulta do dia seguinte ....

Ah ganda Inglês !!!

O Fafe viajou desde Lisboa, sempre alegre e bem disposto, sem verter uma só lágrima, de cabeça limpa e sem as lamechices do costume.

Quando em 11/07/1970, a bordo do comboio nocturno, em direcção a Nampula, com destino à sua terra e à sua família, naquela longa e interminável curva, poucos quilómetros após Nova Freixo, que lhe permitia ver as poucas luzes de Cuamba e do AB6, como se do Fafe se estivessem a despedir, ele não conseguiu evitar que as lágrimas resvalassem pelo seu rosto, com sentida saudade dos colegas e amigos, do AB6 e de Nova Freixo e das suas gentes.

Dessa saudade nunca mais o Fafe se
livrou.

terça-feira, 22 de abril de 2008

Costa, o "marinheiro"

Mais uma notícia, que nos surpreende, pela calada do dia.


O Costa, o nosso
marinheiro, partiu para sempre.

E sem de nós se despedir, hoje mesmo desceu às origens.

O Rui Perestelo, Louco da Malásia e o Francisco Monteiro, Cabo de Rancho,
honraram a sua memória, com a sua presença, na sua última caminhada.

Eles representaram todos os seus amigos e companheiros do AB6.

Com um grande abraço de despedida, aqui te recordamos, amigo marinheiro.


AM61 - Vila Cabral

Costa, o marinheiro, um terrestre entre aéreos


AB6 - bar especialistas

Costa e outros terrestres; alferes Guiomar, Lima, Afonso e Delfim de Valbom


A caminho do Gurué - Vila Junqueiro (perto de Mutuali)

Costa, integrando a comitiva de futebol de onze do AB6, como mecânico da Mercedes



Costa, atrás, entre o motorista e o Viegas, na visita ao Chá Namuli

Até sempre Costa

domingo, 2 de março de 2008

Niassa

Mapa do Niassa
norte de Moçambique



domingo, 17 de fevereiro de 2008

Quinhenta

from maria.graca@*************.pt

to ofafeab6@gmail.com

date Feb 11, 2008 11:29 AM

subject Uma quinhenta




Exmº Senhor.

Por mero acaso cruzei-me com o seu site o qual merece que o felicite pelo seu excelente conteúdo.

Achei que seria interessante juntar às suas recordações esse texto bem como a digitalização da moeda em vigor na época em que por lá esteve em Moçambique.

É um pequeno contributo de uma admiradora do seu site.

Desejo muitas felicidades .

Maria da Graça




Uma quinhenta






Da minha última viagem a Moçambique, trouxe algo que encerra, em cada um de nós, um sem número de recordações e memórias da nossa juventude e adolescencia: uma quinhenta!


Essa mesma em que estás a pensar!


Aquela mesma moedinha que nos traz recordações da nossa infância, do tempo da escola, enfim, dum tempo já longínquo, mas nunca esquecido.


Quantos “scones” compraste nos intervalos das aulas ou à saída da escola, vendidos sem qualquer tipo de protecção, pelos “vendedores ambulantes”, que tanto te deliciavam e que custavam uma quinhenta?


E quando gastavas uma quinhenta num pacotinho de milho torrado, o qual, tantas vezes, era dividido com os colegas?


Uma quinhenta = dois pirolitos. Sim! Aqueles cones de açúcar derretido com um corante encarnado, um palito no fundo e enrolado num papel vegetal? Lembras-te quantos amigos apareciam logo para dar uma trincadela no teu… pirolito?


E ainda aquele cone de papel de jornal, que cada vez era mais apertado, onde punham uma quinhenta de amendoim e a respectiva “bacela”?

Higiene? Data de validade? Etc., etc.? Nada disso. Apenas e só muita vitamina M que nos fez crescer e chegar até hoje.

Cada viagem de machimbombo custava-nos uma quinhenta! Podíamos correr a cidade de uma ponta à outra e ainda nos divertíamos à grande?


Quantas e quantas vezes regressávamos a casa a pé, ou quando conseguíamos ir de boleia no macimbombo, para poupar uma quinhentazita?


Mais tarde, quando já mais crescidos, vinham os mufanitas a pedir:


Dá quinhenta, faz favor”.


Nesse tempo, no tempo da nossa quinhenta, não havia inflação nem as suas variantes: a quinhenta tinha mesmo o seu valor.


Todas estas memórias e tantas, tantas outras, perdidas no espaço e no tempo, apenas pelo preço de uma quinhenta!






A quinhenta nas memórias


do Fafe do AB6


Com o devido respeito por todos os Moçambicanos e sem qualquer intenção ofensiva, não poderia deixar esquecida a mais célebre frase, sobre a quinhenta, muito presente nas nossas memórias:


dá quinhenta e fodi lá




terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Naznin

E esta, hein ...

Um belo dia, de Dezembro passado, às portas
do Natal, deparo-me, incrivelmente e com
extraordinária emoção, ...


com este email ...


From Pedro *****@*******.pt

To “ofafeab6@gmail.com

Date Dec 17, 2007 12:53 PM

Subject Naznin


Boa tarde eu sou o filho da Naznin Jadvgi

E quero dar os parabéns pelo seu blog

Para mim já teve um grande significado poder

ver a minha mãe mais nova...acho que ela vai

adorar...

Qualquer coisa o meu numero é 9*34**0**

E chamo me Pedro...

Para me adicionar no msn

P****g****2*@*******.com


Depois da minha resposta, na qual questionei
alguma hesitação da minha memóri
a e
demonstrei o meu encantamento por tão
fantástica surpresa, o nosso amigo Pedro
enviou-me um outro email ....



from Pedro *****@*******.pt

to “ofafeab6@gmail.com

date Dec 20, 2007 05:46 PM


A minha tia que esta ao lado da minha mãe,

na festa de Nova Freixo, chama se Nadira...

A minha mãe lembra se perfeitamente de

si... no outro dia mostrei lhe o seu blog

E ela ficou a recordar do pessoal durante

duas horas vou ser sincero já tava cansado...

...ehehehe

Se algum dia por algum motivo queira ligar

a minha mãe o numero é 9*46**2** ...

Segue em anexo uma foto que tinha aqui da

minha mãe...

É a senhora do lado esquerdo camisa azul

e florida

Grande abraço

Pedro


Obviamente que eu e a Naznin já trocamos
mensagens de Boas Festas e ...

... no dia 20 deste mês falamos por telemóvel.

Um espanto ...

A Naznin perguntou por muitos de nós, do
nosso tempo ... formidável ... pois de 1970 a
1975, muitos outros, depois de nós, estiveram
no AB6.

Recordou a prima Ezmina e o namoro
desta
com o Augusto Monteiro ...

... este aqui ...





... e já se passaram 37 anos ...

A Naznin tem endereços de vários(as)
amigos(as) civis de Nova Freixo e prometeu
que mos enviará, através do email do filho.

A Naznin, que vive no Seixal, pensa estar
presente em futuros convívios.

A Nadira, a irmã, vive em Lisboa.


Eis, aqui, a afável e amiga

... NAZNIN ... de hoje




A Naznin que nos estimava e nos convidava
para as suas festas de aniversário ...



A Naznin que nos deliciava com os seus

petiscos e guloseimas ...


A Naznin que era mestre nos doces de

gelatina ... autênticas obras-primas de
arte e paladar.



A Nadira, também ela merecedora do nosso
respeito e amizade, sempre acompanhou
a afabilidade e o carinho transmitido pela irmã.



A estas duas irmãs muito temos que agradecer.

A forma descomplexada de nos incluir na sua

roda de amigos e no quotidiano de Nova

Freixo, foi para todos nós muito importante
,
numa fase da nossa juventude que previa
alguma solidão interior.

Para que a alegria e a boa disposição, sempre
fossem, durante toda a comissão, apanágio de
quase todos nós, também muito contribuiu a
comunidade civil, com especial relevância da
Naznin e da Nadira.


Bem hajam todos